Entre sem bater - Fernanda Young - Inteligência das Pessoas

Entre sem bater – Fernanda Young – A Inteligência das Pessoas

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Do mesmo modo que Fernanda Young, eu não costumo facilitar as coisas para o pequeno público que lê meus “rabiscos”. Acredito, surpreendentemente, na “Inteligência das Pessoas” e, em especial, dos meus leitores.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Fernanda Young

Fernanda Young exigia muito de quem a admirava e a seguia nos seus trabalhos. Nada estava escrito e explícito, sempre havia as entrelinhas e hiatos para servir de reflexão. Eu, por exemplo, gosto desta linha de raciocínio e a pratico, acredito na inteligência das pessoas. Embora a maioria das pessoas desrespeite quem emite opinião própria e se manifesta abertamente. Certamente é um problema que a nossa sociedade moderna não aceitou. Continuamos a queimar bruxas como na Inquisição.

Fernanda Maria Young de Carvalho Machado (nascida Fernanda Maria Leite Young; Niterói, 1 de maio de 1970 — Paraisópolis, 25 de agosto de 2019) foi uma roteirista, escritora, apresentadora, atriz e diretora brasileira. Frequentou várias faculdades em diversos cursos e não concluiu nenhum deles. Young morreu aos 49 anos, devido a uma intensa e repentina crise asmática. A princípio, os livros de Fernanda conseguiram boa exposição na mídia devido à sua persona peculiar, suas declarações controversas, sua obsessão com cultura pop e seu visual, construído por cabelos geralmente curtos, grandes tatuagens e, por algum tempo, ostensivas pulseiras de baquelite das décadas de 1920 a 1950.

Fonte: Wikipedia

Inteligência das pessoas

Comunicação

Decerto, para o comunicador, é fundamental estar sempre buscando formas de transmitir as ideias de maneira clara e eficaz. Entretanto,  isso não significa que devemos simplificar narrativas(1) e discursos sempre. Por outro lado, corremos o risco de subestimar a inteligência de quem nos ouve ou lê.

É provável que passemos a impressão de arrogância ao perguntar se a pessoa entende ou conhece de um assunto X ou Y. Surpreendentemente, em tempos de redes sociais de “280 caracteres“, algumas pessoas preferem ficar caladas, para não parecerem ignorantes.

Em primeiro lugar, numa troca de conhecimento, assim como Fernanda Young, não facilito o discurso para meu público. Tenho respeito e creio, de verdade, na inteligência das pessoas(*). Por isso, ao transmitir uma mensagem, procuro apresentar argumentos sólidos e com fundamento. Com toda a certeza, essa postura exige um pouco mais de esforço por parte de quem recebe a nossa comunicação.

Confiança

Inquestionavelmente, ao adotar essa abordagem, cria-se uma relação de confiança e respeito pelo conteúdo que passamos. Por outro lado, aqueles que têm a chamada preguiça mental(1), rebelam-se e parte para o ataque à pessoa. Entretanto, quando as pessoas percebem que estamos tratando-as como seres capazes, se surpreendem. A inteligência das pessoas permite compreender questões complexas, se explicadas adequadamente. Assim sendo, elas se sentem mais valorizadas e tendem a prestar mais atenção às narrativas e discursos que praticamos.

Outrossim, ao simplificar demais as coisas ( escrever em “280 caracteres” é a morte ! ), é possível que estejamos querendo controlar a capacidade de pensamento das pessoas. Apresentar um argumento complexo, certamente, exige uma base de conhecimento e  habilidades que nem todos possuem. Desse modo,  ao acreditar na inteligência das pessoas, ajudamos no desenvolvimento da capacidade de análise e interpretação de informações.

Respeito

O que muitos ( a maioria ) dos interlocutores não conseguem entender é que ao argumentar com profundidade não significa ser arrogante ou pedante. Pelo contrário, é possível transmitir ideias complexas de forma acessível e respeitosa. Para isso, é preciso encontrar um equilíbrio entre a profundidade do conteúdo e a clareza da exposição.

Entretanto, este é o ponto importante da comunicação: nem sempre é fácil encontrar esse equilíbrio. As redes sociais elevaram muitos ignorantes à condição de donos da verdade, todos têm opinião formada.  Por vezes, pode ser necessário seguir os exemplos concretos, metáforas ou analogias para tornar um conceito mais compreensível. Por outro lado, é essencial ser cuidadoso para não cair no simplismo ou na superficialidade das redes sociais.

Para comunicar, sinto que é meu papel desafiar meu público a pensar além do senso comum e questionar as verdades absolutas. Para isso, é preciso apresentar argumentos que sejam passíveis de receber questionamentos. Assim sendo, ao mesmo tempo, confiar na inteligência das pessoas e na capacidade de reflexão de cada indivíduo.

Em suma, assim como Fernanda Young bem disse, não facilito o pensamento do meu público. Respeito e acredito na inteligência das pessoas. Ao adotar essa postura, estou confiante que o debate é que desenvolve e faz crescer as pessoas como seres humanos inteligentes.

Tempos Modernos

Nos últimos anos, as redes sociais transformaram-se em plataformas de interação massiva. É um espaço onde as pessoas, hipoteticamente, podem compartilhar suas ideias e opiniões. No entanto, essa liberdade de expressão trouxe à tona um problema crescente: a deterioração dos conceitos de confiança e respeito. A combinação de anonimato, facilidade de disseminação de informações e muitos usuários inflexíveis, ferrou com tudo. Assim sendo, é difícil aceitar ideias diferentes e esses princípios essenciais para uma convivência civilizada se perdem.

Inquestionavelmente, o ambiente digital das redes sociais privilegia a polarização e a criação de bolhas. Desta forma, as pessoas tendem a interagir apenas com aqueles que compartilham de suas visões de mundo. Essa dinâmica fragiliza a capacidade de diálogo e mina a confiança entre indivíduos com opiniões divergentes. Ao invés de promover o debate construtivo, as redes sociais incentivam a validação de ideias pré-concebidas e a rejeição do contraditório. Esse fenômeno cria um ciclo de desconfiança, onde qualquer informação ou opinião contrária recebe rótulos de falsa ou com más intenções.

Intolerância

Além disso, na ausência de interações face a face, tons de voz, expressões faciais e contextos não fluem de ponta a ponta. Por isso, mal-entendidos, conflitos verbais e físicos, além de debates estéreis se proliferam sem controle. Comentários que poderiam, por exemplo, surgir com um tom amistoso ou em um contexto de respeito viram “pé de briga”. A maioria destes casos, sem dúvida, originam-se por conta de ataques pessoais ou rivalidades que não se relacionam com o tema central. Isso resulta em uma comunicação mais hostil e desrespeitosa, reforçando a ideia de que o ambiente digital é um campo de batalha de opiniões.

Outro fator importante é a pouca inteligência emocional e cognitiva que muitos usuários demonstram ao lidar com opiniões divergentes. Em vez de enxergar as redes sociais como uma oportunidade para as diferentes perspectivas, as respostas são agressivas. A falta de empatia e a incapacidade de aceitar críticas, e a intolerância a pontos de vista distintos atinge seu auge. Desta forma, raramente veremos a inteligência das pessoas sobrepor ao bate-boca das redes sociais.

Portanto, as redes sociais, ao invés fortalecerem a confiança e o respeito, atributo das pessoas inteligentes, contribui para a sua erosão. A falta de preparo emocional para o debate, e o ambiente permissivo para a agressividade e polarização, alimenta a desconfiança e o desrespeito.

 

Amanhã tem mais …

P. S.

(*) Algumas pessoas, eventualmente, me criticam por algumas palavras que aparecem em meus textos. Declaro que adoro a seção “Enriqueça seu vocabulário” da revista Seleções. Sou leitor assíduo, uma vez que desde criança herdei o hábito desta publicação. Dessa maneira, não tem como contribuir Inserindo palavras novas que assimilo, é pedagógico.

(1) “Entre Sem Bater – Bernadin de St. Pierre – As Narrativas

(2) “Entre Sem Bater – Liz Hurley – Preguiça Mental

 

Imagem: Entre sem Bater – Fernanda Young – A Inteligência das Pessoas (by Giullia Paulinelli)

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

    • Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
    • Sugestões, indicações de erro e outros, uma vez que tenham o propósito de melhorar o conteúdo, são importantes. Basta enviar e-mail para pyxis at gmail.com, página do Facebook, associada a este Blog, ou perfil do Twitter, Threads, etc.
    • Alguns textos sofreram revisão, outros ainda apresentam erros (inclusive ortográficos) e sofrerão correção à medida que se tornam erros graves (inclusive históricos).
    • Algumas passagens e citações podem parecer estranhas, mas fazem parte ou referem-se a textos ainda inéditos.

Deixe um comentário