Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. O síndico Tim Maia, certamente sabia que “Este país“, não podia dar certo.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Tim Maia
Tim Maia era um cara muito versátil e extremamente apaixonado por todas as coisas. É provável que sua experiência como imigrante nos EUA reforçou sua paixão pelo Brasil. Desse modo, ele se autodenominava o síndico, com bastante propriedade. Quando ele falava sobre este país e sobre os brasileiros, tinha conhecimento de causa.
Tim Maia, nome artístico de Sebastião Rodrigues Maia (Rio de Janeiro, 28 de setembro de 1942 – Niterói, 15 de março de 1998). Foi um artista (cantor, compositor, maestro, instrumentista), produtor musical e empresário brasileiro. Responsável pela introdução dos gêneros soul e funk na música popular brasileira e um dos maiores ícones da música no Brasil. Nasceu e cresceu na cidade do Rio de Janeiro, onde, durante a juventude, conviveu com Jorge Ben Jor e Erasmo Carlos. Em 1957, fundou o grupo The Sputniks, no qual cantou junto a Roberto Carlos. Em 1959, emigrou para os Estados Unidos, onde teve seus primeiros contatos com o soul, vindo a ser preso e deportado por roubo e porte de drogas.
Fonte: Wikipedia (Português)
Este País
As frases com que Tim Maia complementava suas músicas nos remetem a reflexões importantes. Entretanto, frases soltas ou com divulgação a partir de entrevistas e depoimentos são eternas. A frase sobre as características das pessoas determinam que este país não pode dar certo.
Se, eventualmente, mais de 25 anos atrás, o síndico tinha esta percepção e manifestou-se abertamente, agora é que tornou-se mais real. Este país não pode dar certo somente porque as pessoas são assim, não dá certo porque as pessoas não se aceitam. Todos têm o direito de, individualmente, serem o que desejam ser, mas deveria haver limites.
E, surpreendentemente, pessoas tentam impor limites e apontar dedinhos para os outros, nunca para si ou para os seus (Mateus 7:5).
Pobre de Direita
O fenômeno pobre de direita nas redes sociais revela uma complexidade que transcende a mera dicotomia entre riqueza e posicionamento político. Surpreendentemente, esses perfis se destacam por adotar posturas contrárias aos próprios interesses socioeconômicos. Desse modo, eles alinham-se a ideias e políticas que, em síntese, perpetuam a desigualdade que eles vivem.
Ao contrário do analfabeto político tradicional, cuja falta de informação se justifica pela ausência de acesso à educação, no Brasil é diferente. O analfabeto tupiniquim tem à sua disposição as redes sociais como fonte(?) inesgotável de informações e desinformação.
Raramente essa abundância de dados resulta em discernimento crítico. Entretanto, é comum que esta condição resulte na absorção acrítica de discursos que contradizem seus próprios interesses. Esse fenômeno expande-se com a disseminação de narrativas simplórias e manipuladoras. Estas narrativas exploram crenças, emoções e preconceitos na conquista de seguidores e adeptos.
Ele abraça ideologias que favorecem as elites como se fosse as dele ou da classe dele. Defendem, por exemplo, políticas que reduzem os benefícios sociais e promovem a concentração de poder e riqueza.
Desse modo, a influência das redes sociais é crucial nesse processo de transformação digital da sociedade. Assim sendo, surge um ambiente propício para a propagação de desinformação e a formação de bolhas ideológicas.
A prostituta, o cafetão, o traficante e o analfabeto, nesse contexto, encontram a falsa sensação de pertencimento ao aderir aos discursos e narrativas.
Azul da cor do mar
A condição mais grave que Tim Maia apontou, para este país não dar certo foi a existência de pobre de direita. Assim sendo, escrevi anteriormente um texto que subsidia a visão da gravidade desta condição de muitos pobres no Brasil(1). Na música “Azul da cor do mar” até Tim Maia se rende à passividade e aceitação.
Desta forma, entendemos que a profecia de Tim Maia está se confirmando com alguns agravantes. A frase original pode ter condições adicionais que justificam todo o infortúnio de uma nação repleta de “jabuticabas”. Mulheres sendo misóginas, homossexuais sendo preconceituosos, negros sendo racistas, cristãos que defendem armas e morte, é o que temos.
Enfim, não basta ter pobre de direita pois este país não se cansa de produzir aberrações que fazem tudo sair errado. Não está fácil pra ninguém e, este país vai avançando em trilhas perigosas com seus governantes praticando um diversionismo diário.
Este país não é para amadores, e poucos sabem o porquê.
P. S.
Nesta data completam-se 25 anos da morte do síndico Tim Maia que está, sem dúvida, fazendo muita falta.
(1) “O pobre de direita no Brasil”
Imagem: Entre sem Bater – Tim Maia – Este País
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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