Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Cada frase ou pensamento de Jessé Souza, especialmente sobre a nossa “Desigualdade Social“, tem repercussões em todos os cantos.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Jessé Souza
Escrever sobre pensadores vivos, especialmente os raros que existem no Brasil é um risco. Entretanto, quando a pauta é desigualdade social, embora seja um problema global, exige o contexto em Pindorama. Desse modo, é ótimo se apropriar de ideias de Jessé Souza, pois teremos a possibilidade de críticas ácidas de todos os lados.
Jessé José Freire de Souza (Natal, 29 de março de 1960) é um sociólogo, advogado, professor universitário, escritor e pesquisador brasileiro. Atua nas áreas de Teoria Social, pensamento social brasileiro e de estudos teórico-empíricos sobre a desigualdade e as classes sociais no Brasil contemporâneo. É autor dos livros A Ralé Brasileira, A Radiografia do Golpe, A Elite do Atraso e A Classe Média no Espelho, dentre outros. Graduou-se em Direito na Universidade de Brasília (UNB). Concluiu seu mestrado na área de Sociologia na mesma instituição. Doutorou-se em sociologia pela Universidade de Heidelberg localizada na Alemanha, país onde obteve livre docência nesta mesma disciplina pela Universidade de Flensburg. Fez pós-doutorado em filosofia e psicanálise na New School for Social Research, em Nova Iorque. Escreveu e organizou 22 livros, em português, inglês e alemão sobre sociologia política, teoria da modernização periférica e desigualdade no Brasil contemporâneo. É professor titular da Universidade Federal do ABC (UFABC).
Fonte: Wikipedia (Português)
Desigualdade Social
A expressão desigualdade social nunca está na boca da maioria dos que provocam ou se beneficiam dos efeitos deste flagelo. Por outro lado, o que causa a destruição de vidas e das possibilidades de equilíbrio, têm muitos diagnósticos e opiniões. Desde frases soltas, pensamentos inteiros e até livros e teses acadêmicas fazem a identificação, e o problema permanece. Como se não bastasse, o abismo da desigualdade cresce, mesmo que as tragédias sejam parte do nosso cotidiano.
Frases(*) – Pense!
Após ver centenas de frases com relação direta ao tema é interessante, a partir do pensamento de Jessé, reproduzi-las. Adicionalmente, numa perspectiva de que milhões de textos podem se inspirar nestes pensamentos, pensem sobre cada uma.
- “Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais“. Art. 3º, Inciso III da C.F. CF/88.
- “O capitalismo sobrevive graças à desigualdade social, graças às diferenças econômicas, o que equilibra o capitalismo, escraviza a espécie, que necessita do capital para suprir as suas necessidades.“
- “O fato de alguém superar as desigualdades sociais impostas pela sociedade brasileira não implica que todos poderão conseguir, nem invalida a omissão do estado brasileiro no combate à pobreza.“
- “Nossos conflitos éticos e morais, eventos políticos, fragilidade econômica, desigualdades sociais, subserviência institucional e crise de identidade cívica são filhos bastardos de nossa inépcia em reconhecer a relevância da Educação na construção de um projeto de nação.“
- “A desigualdade social como um abismo que separa os que ostentam e os que nada têm… sintoma de uma sociedade extremamente doente e egocêntrica, com valores distorcidos. Falência da dignidade humana. Isso é violência, isso também é vandalismo!“
Como o racismo criou o Brasil
A frase-chave deste texto faz parte da obra “Como o Racismo criou o Brasil” (2021) de Jessé Souza. Embora sua obra mais famosa seja “A Elite do Atraso“, é na ligação da discriminação racial que as desigualdades sociais prospera. Os trabalhos de Jessé Souza têm a minha admiração, mas não a ponto de ficarmos inebriados numa limitação ideológica.
Os debates entre críticos das ideias e pensamentos de Jessé Souza e seus apoiadores incondicionais é bem interessante. Assim sendo, o avanço nas ideias e perspectivas, como neste texto e tantos outros, pode contribuir para redução das desigualdades. Entretanto, só o debate de ideias não é necessário, é preciso ir além e agir, estamos patinando nas questões do racismo, desigualdades e muito mais.
É provável que este imobilismo e os discursos paralisantes alimentem a mídia que nada faz a não ser programas anuais tipo “Criança Esperança“. Vemos, na mídia, dezenas de propagandas pedindo ajuda para este ou aquele nicho carente. Contudo, não vemos, com raríssimas exceções, ações da mídia que não sejam de caridade e assistencialismo.
A crítica à mídia, ao grande capital e às oligarquias pode, sem dúvida, ser correta, mas que não surte nenhum efeito prático. Não vemos nenhuma grande corporação que compra alguma empresa estatal, praticando a responsabilidade social. Sempre, os exemplos de privatização aumentam o desemprego e rebaixam a massa salarial. Este comportamento, direta e indiretamente, aumenta a desigualdade social e a concentração de renda.
Estética
Vivemos, sobretudo após a explosão das redes sociais, num mundo de aparências onde os padrões de estética são mais “importantes”. As aparências servem, inquestionavelmente, para reduzir a desigualdade social das pessoas. Infelizmente, a maioria das pessoas adota o que de pior existe nos ambientes virtuais, em nome de galgar uma posição dos sonhos.
Desse modo, nos apropriando de ideias e pensamentos de filósofos antigos, podemos dizer que a estética em tempos de redes sociais é uma farsa. As pessoas são vítimas de aparências e do engano premeditado, embora a mídia e influencers desconhecem esta perspectiva.
Filosofia
Estética é a filosofia do belo, por isso clínicas para mudar a imagem das pessoas se autodenominam clínica de estética. Atualmente, o termo harmonização facial ganhou espaço na propaganda e publicidade, na maioria dos casos enganosa. A vaidade humana não tem limites e nenhum pudor.
Platão associou o belo (estética) àquilo que é bom, daí a noção idealista de estética e platonismo. Assim sendo, é possível que a estética esteja à serviço da desigualdade social, iludindo aqueles que sofrem opressão. Com toda a certeza, os opressores não se preocupam em mostrar-se belos (pelo menos nas redes sociais mundanas).
Nesse ínterim, alguns leitores podem estar se perguntando e pensando em exemplos como Neymar (jogador), Anitta (cantora) e outros tantos. Imaginam que estes exemplos derrubam a teoria de opressores e oprimidos de Jessé. Contudo, afirmo que este é mais um erro de interpretação ou uma falácia que os opressores adoram disseminar.
Perversidade
Surpreendentemente, as pessoas passam por cima de tudo e todos para aparentar algo que não são. A ideia estética perversa coloca as pessoas no abismo da desigualdade social sem que elas percebam. Desta forma, “legitimam” o que elas fazem, e causa a ilusão de que existe meritocracia ou possibilidade de ascensão e mudança de classe social.
A maldade e crueldade contaminam os poucos que, por vários motivos, aparentam estar noutro mundo. Os exemplos se sucedem, como a Youtuber belo-horizontina Camila Loures(1). Iniciou-se na profissão de Youtuber(?). Desde que virou compradora de imóveis e “causar” passou a frequentar shoppings com cães de guarda a protegê-la. Alguns, mais açodados dizem que tenho inveja ou que estou generalizando, contudo, os exemplos são muitos.
Enfim, os opressores, e também os críticos mais ácidos de Jessé Souza, adoram contrapor as possíveis causas da desigualdade social, com estes exemplos. A nossa sociedade se alimenta disso, e, infelizmente, até as plataformas para ajudar as pessoas com trabalho e emprego praticam a soberba(2). O LinkedIn é o exemplo onde não existem problemas e a estética ajuda na fantasia. Desde que as coisas aparentem o que não são, mesmo que ninguém consiga emprego, estas plataformas seguem imponentes.
Brasil, mostra a tua cara
Brasil!
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim …Cazuza in “Brasil“
Os princípios aristotélicos da (a teoria da imitação e a catarse) bem reais nas redes sociais, somam-se à noção platônica do idealismo.
De acordo com a ideia do poeta, não querem que saibamos qual é “o teu negócio” e muito menos “o nome do teu sócio“. Estão faltando muitos “Cazuzas“, “Renatos Russos“, “Tins Maias” e outros no cenário nacional. Com toda a certeza, eles não aguentariam a “concorrência” dos alpinistas artísticos que pensam que mudaram para o lado do opressor.
Relatório social indica que 5% dos mais ricos do país têm a mesma renda dos 95% restantes. Como se não bastasse, apenas seis brasileiros(3), sim meia dúzia, têm a mesma riqueza de 100 milhões. Por isso, a desigualdade social não sai do debate acadêmico e “soluções” da oligarquia da mídia. Por isso, debates como agricultura familiar não entram na TV aberta pois o agro exportador é “pop”. Desta forma, a massa sofre manipulação(4) facilmente, pois tem que sobreviver, trabalhar e comer, da forma que conseguir.
Em suma, somos muito poucos e a desigualdade social é uma tragédia feita por 3%(5) para oprimir 97%. Como se não bastasse, alguns serviçais ainda pensam no paraíso eterno ou no liberalismo com o Estado protegendo. Portanto, é inadmissível vermos a desigualdade social no Brasil aumentar e os debates e discursos não saírem da academia e da mídia,
Perdemos !
P. S.
(*) Atribuímos as frases a anônimos pela impossibilidade de confirmação de autoria.
(1) “Camila Loures: Profissão Youtuber”
(2) “Pecados Digitais – A soberba”
(3) “Seis brasileiros tem a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres”
(4) “Manipulação individual de massas”
(5) “Maralto – 3% merece o paraíso”
Imagem: Entre sem bater – Jessé Souza – Desigualdade Social
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
- Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
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