Entre sem bater - Fernando Sabino - A Certeza

Entre sem bater – Fernando Sabino – A Certeza de Três Coisas

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Não existe somente a “Certeza” de três coisas que ficam, mesmo que Fernando Sabino soubesse disso.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Fernando Sabino

Fernando Sabino, que me refiro a ele como poeta, neste texto, é contemporâneo e expressava toda a sua capacidade em textos maravilhosos. É difícil escolher, entre “O Grande Mentecapto” e “O Encontro Marcado” qual a sua obra-prima. Com toda a certeza, todas suas publicações nos trazem muita sabedoria. As três coisas que ficam é somente um dos muitos ensinamentos.

Fernando Sabino (Belo Horizonte, 12 de outubro de 1923 — Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2004) foi um escritor, jornalista e editor brasileiro. Recebeu diversos prêmios, entre eles, o Prêmio Jabuti pelo livro “O Grande Mentecapto” e o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras. Foi condecorado com a Ordem do Rio Branco, no grau de Grã-Cruz, pelo governo brasileiro. Em 1930, após aprender a ler com a mãe, ingressou no Grupo Escolar Afonso Pena. Fez o curso secundário no Ginásio Mineiro. Ao final do curso conquistou a medalha de ouro como o primeiro aluno da turma.

Fonte: eBiografia

A Certeza

A frase do dia tem a ver com o nome do poeta mineiro, Fernando, um em especial que era muito próximo a mim. Como se não bastasse, as três coisas a que se refere o Fernando (poeta), dizem respeito a muitos mais “fernandos” e muitos outros amigos.

Dias atrás, escrevi sobre a amizade(1), nem sempre o escrevemos consegue ter a mesma interpretação que pretendemos. O Fernando que este texto tenta homenagear tinha uma amizade que não se perdeu com o tempo. Contudo, tinha a certeza de muito mais do que as três coisas que o poeta descreveu.

A partida de alguém, num eterno encontro marcado com cada um de nós, sempre deixa muito mais do que três coisas …

Três Coisas

Atualmente, as pessoas têm pressa, não se sabe muito porque têm pressa ou porque começam as coisas sempre que encontram obstáculos. Com toda a certeza, as interrupções de tudo que iniciamos, nos levam a outros recomeços, nem sempre completando aquilo que começamos.

Desse modo, cada interrupção deveria ser um caminho novo, sem cometermos os mesmos erros que cometemos. Por outro lado, o mundo “maravilhoso” (#SQN) das redes sociais, faz crer que devemos sempre continuar, ignorando nossos erros e nossos defeitos.

Um dos defeitos que tenho é o de acreditar que sempre haverá uma nova ideia e uma nova proposta de recomeço. Infelizmente, nem sempre teremos começos e recomeços com aqueles e aquelas que saem das nossas vidas.

Preciso Continuar

Durante nossa caminhada, passamos por desvios e descaminhos, em que a maioria de nós se aproxima ou se afasta. Desta forma, às vezes, é impossível sabermos se estamos em novos recomeços ou alguma coisa terminou. Amizades são assim, aproximam-se e afastam-se, de acordo com as nossas individualidades e necessidades.

Dizem que o mundo moderno provoca o distanciamento das pessoas, e é verdade. Entretanto, neste eterno caminhar, é preciso continuar, com as ausências e as lembranças.

Como diz o ditado popular, “… o show deve continuar … “, pois é assim que as pessoas de bem fazem, continuar apesar dos revezes. pode parecer, aos olhos de muitos, falta de sensibilidade, mas não é. Em outras palavras, aqueles que sempre estiveram conosco, na caminhada e recomeços, sempre desejariam continuar antes de terminar.

Antes de Terminar

Outra frase de Fernando Sabino é bastante sugestiva.

Ele escreveu em “No fim dá certo“:

– “No fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim.”

Desse modo, antes de terminar, teremos a certeza de que devemos ter recomeços e que sempre é preciso continuar. Com toda a certeza, será preciso de mais força a todos para continuar e novos recomeços, principalmente aos mais próximos.

A vida de todos nós está por um fio e o Encontro Marcado é certeiro, no início, no meio e antes de terminar.

Ficam as palavras complementares de Sabino à ideia das três coisas que ficam.

“Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro”.

in “O Encontro Marcado”

Tempos sem Poesia

Anteriormente, a literatura tinha um papel fundamental na construção da identidade cultural e social. Obras literárias não eram apenas formas de entretenimento, mas veículos de reflexão profunda e transformação pessoal. Na frase-chave deste texto, Sabino encapsula a essência de uma época em que a prosa e a poesia capturavam a complexidade da experiência humana.

Naqueles dias, a literatura era uma arte que exigia tempo e dedicação tanto do autor quanto do leitor. As palavras tinham aplicação cuidadosa, e os leitores se entregavam à experiência de absorver e interpretar significados verdadeiros. A prosa de Sabino e a poesia de Leminski, por exemplo, não eram apenas textos, mas diálogos com a vida, com as emoções mais íntimas.

Tempos Modernos

Em contraste, nos tempos atuais, de temas efêmeros e superficiais, estamos perdendo toda a poesia e imaginação. A era digital trouxe uma enxurrada de informações rápidas e superficiais, onde o consumo de conteúdo se dá em velocidade estonteante. A profundidade deu lugar à brevidade, e a reflexão deu  lugar a uma insensata interpretação. Os textos literários reduziram-se a postagens curtas em redes sociais, a maioria cópias ou aforismos de quinta categoria. Desta forma, a profundidade muitas vezes se perde em meio a uma avalanche de informações inúteis.

A literatura contemporânea enfrenta o desafio de se adaptar a um mundo onde a atenção do leitor é ínfima e nula. As narrativas são um resumo precário, e a poesia, muitas vezes, se transforma em pequenos trechos que cabem em um tweet. Essa transformação não é necessariamente negativa, pois reflete a realidade de um mundo em constante mudança e evolução. No entanto, a profundidade e a introspecção que caracterizavam a prosa e a poesia de outrora muitas vezes perdem para rapidez e da acessibilidade.

Mudanças à vista?

As mudanças reais e consistentes não estão nem à vista e nem a prazo…

Apesar da necessidade de mudanças, e de buscar substância e compreensão, prevalece a estultice do senso comum. A literatura continua a ser uma ferramenta poderosa para explorar e expressar a condição humana. Entretanto, mesmo que suas formas e formatos avancem a cada dia, os conteúdos se repetem e se deterioram. A frase de Sabino  nos lembra da importância de encontrar conteúdos significativos em meio à incerteza e à interrupção das ideias.

Portanto, embora os tempos modernos avancem, a maneira como consumimos literatura estagnou ou retrocedeu. As palavras de Sabino e Leminski continuam a oferecer uma âncora em um mundo cada vez mais fugaz. Certamente, lembrando-nos da importância de parar, refletir, compreender e encontrar beleza na complexidade da vida.

P. S.

Descanse em paz, Fernando Marinho (aka patonado).

(1) “Entre sem bater – Epicuro – Amizade

 

Imagem: Entre sem bater – Fernando Sabino – A Certeza de Três Coisas

Nota do Autor

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