Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Algumas expressões, como, por exemplo, “Sociedade Civil”, tem na sua origem um mistério, mas não para Jean-Jacques Rousseau.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Jean-Jacques Rousseau
Admiro muito as ideias de Rousseau, bem como admiro e já escrevi sobre outros autores precursores da Revolução Francesa como, por exemplo, Montesquieu(1). A frase de Rousseau ajusta-se, atualmente, como uma luva de látex nas mãos de um cirurgião, quando vemos a “nossa” sociedade civil.
Jean-Jacques Rousseau ( 28 de junho de 1712 – 2 de julho de 1778) foi um filósofo Genebrino, escritor e compositor. Sua filosofia política influenciou o progresso do Iluminismo em toda a Europa, bem como aspectos da Revolução Francesa e o desenvolvimento do pensamento político, econômico e educacional moderno. Seu “Discurso sobre a Desigualdade” e “O Contrato Social” são pedras angulares no pensamento político e social moderno. O romance sentimental de Rousseau, “Julie“, ou “The New Heloise” (1761), foi importante para o desenvolvimento do pré-romantismo e do romantismo na ficção. Seu “Emílio”, ou “Sobre a Educação“ (1762) é um tratado educacional sobre o lugar do indivíduo na sociedade. Os escritos autobiográficos de Rousseau – as “Confissões“ publicadas postumamente (compostas em 1769), que iniciaram a autobiografia moderna. O inacabado “Devaneios do Caminhante Solitário“ (compostos de 1776 a 1778) – exemplificam o “Age of Sensibility“, e apresentou um foco maior na subjetividade e introspecção que mais tarde caracterizou a escrita moderna.
Fonte: Wikipedia (Inglês).
Sociedade Civil
Em primeiro lugar, a frase um pouco mais completa, para que possamos refletir de modo a contextualizarmos com os dias de hoje.
“O primeiro homem que, tendo cercado um pedaço de terra, pensou em dizer Isto é meu, e encontrou pessoas bastante simples para acreditar nele, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. De quantos crimes, guerras e assassinatos, de quantos horrores e infortúnios ninguém poderia ter salvado a humanidade, arrancando as estacas ou enchendo a vala e gritando para seus companheiros: Cuidado para não ouvir esse impostor; você está perdido se esquecer uma vez que os frutos da terra pertencem a todos nós, e a própria terra a ninguém.”
in “Discurso sobre a desigualdade“
A partir da frase completa podemos entender muito do estamos presenciando através das redes sociais e plataformas de comunicação. É provável que Rousseau, que faleceu há mais de dois séculos, não imaginaria o retrocesso que vivemos. Surpreendentemente, a luta de Rousseau contribuiu para uma Revolução para a França e para o mundo. Contudo, o Brasil teve a influência contrária, com a vinda da Corte Portuguesa(2) para a América do Sul.
A princípio, a maioria das pessoas pensam que não existe conexão entre a Revolução Francesa e a independência-Fake do Brasil. Como se não bastasse a falácia que chamaram de “Reino Unido de Portugal e Algarves”, o Brasil herdou os piores princípios. A proclamação da República em 1889, com efeito, transformou o país em muitos aspectos, mas não numa nação independente.
Terra Indígenas
A frase de Rousseau aplica-se, adequadamente, para a demarcação das terras indígenas. Enquanto a exploração e invasão de terras avança, tentam tirar os espaços que restaram para os índios. E a maioria dos brasileiros pratica a invasão como imaginou Rousseau, sem o menor escrúpulo. Portanto, vivemos num país que não importa nem a classe social ou a condição financeira, a maioria quer levar vantagem. Este nosso povo não pode ver um pedaço de terra, inclusive em áreas urbanas, que quer chamar de meu.
A questão do “… isto é meu …” tem raízes profundas na cultura do brasileiro. Uma necessidade de usar o pronome possessivo na primeira pessoa do singular que é inacreditável.
Quando vejo alguém com esta postura ( meu ) depreendo, imediatamente, que é bom verificar como a pessoa conseguiu algum bem ou patrimônio. Aqueles que, verdadeiramente, lutaram e construíram coisas coletivas ou para o bem comum, em contraposição ao individual, não são possessivos.
Rousseau chama aqueles crédulos de pessoas simples ou Ingênuas, como os indígenas brasileiros. Entretanto, isso podia ser verdade em 1500, nunca no século XXI.
Em suma, se a Constituição de 1988 tiver interpretação, como querem as oligarquias, retrocederemos 523 anos, e adeus sociedade civil e civilidade.
Os impostores estão no comando das oligarquias e abusam de todos, mesmo os que não são inocentes e nem simples.
(1) “Revisitando Montesquieu no Século XXI”
(2) “200 anos sem Dom João VI”
Imagem: Entre sem bater – Jean-Jacques Rousseau – Sociedade Civil
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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Agradeço a todos e compreendo os que acham que escrevo coisas difíceis de entender, é parte do “jogo”.