Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Admiro pessoas do tipo como era o Paulo Francis, certamente, era um exemplo de “Vida Inteligente“, mesmo discordando dele.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Paulo Francis
Vinte e cinco anos após o falecimento de Paulo Francis, com toda a certeza, podemos afirmar que sua frase sobre vida inteligente foi profética. Embora eu não concordasse com a maioria das ideias e de suas críticas a pessoas específicas, eram opiniões consistentes. Ele transitava, por exemplo, entre assuntos complexos e banais com a mesma desenvoltura e tranquilidade. Em suma, Paulo Francis cabia e cabe na mesma frase, com as palavras trotskista e conservador presentes.
Franz Paul Trannin da Matta Heilborn (Paulo Francis) ( Rio de Janeiro, 2 de setembro de 1930 – Nova York, 4 de fevereiro de 1997) foi um jornalista, comentarista político, romancista e crítico brasileiro. Francis se destacou no jornalismo brasileiro moderno por meio de suas críticas polêmicas e ensaios. Certamente, com seu estilo de escrita característico, misturava erudição e vulgaridade como poucos. Como muitos outros intelectuais brasileiros de seu tempo, Francis foi exposto à americanização durante a adolescência. No início de sua carreira, tentou misturar as ideias nacionalistas de esquerda brasileiras na cultura e na política. Atuou, primordialmente, como um defensor do modernismo em questões culturais. Posteriormente, envolveu-se nas lutas políticas do Brasil dos anos 1960 como um simpatizante trotskista e um nacionalista de esquerda. Manteve, ao mesmo tempo, distância tanto do stalinismo quanto do populismo latino-americano . Depois de passar a década de 1970 como exilado e expatriado nos Estados Unidos, abandonou suas visões esquerdistas. Transformou-se num conservador agressivo, defendendo a economia de livre mercado, o liberalismo político e um antiesquerdista. Afastou-se, surpreendentemente, da intelectualidade brasileira até sua morte.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
Vida Inteligente
A pequena biografia de Paulo Francis, com reprodução acima, diz muito sobre a capacidade de pensamento do crítico. Paulo Francis tinha qualificação acima da média, sobretudo quando falava sobre vida inteligente.
É provável que a maioria dos usuários de redes sociais pensem que estão praticando algum tipo de evolução da espécie. Contudo, a destreza em manusear smartphones não significa que exista indícios de vida inteligente. Até uma criança de um ano, que não fala e mal caminha, sabe apertar dedinhos num equipamento com muita tecnologia.
Paulo Francis tinha um viés de esquerda e socialista, transformou-se num crítico voraz da sociedade com a voz das massas. Em outras palavras, mesmo se ele não experimentou o Orkut e Whatsapp, sabia sobre a manipulação de massas(1).
Manipulação de Massas
Surpreendentemente, está muito mais fácil manipular grandes massas de pessoas do que antes. Escrevi alguns textos sobre as táticas e técnicas de manipulação de massas, em tempos que não existia nem Internet.
A utopia era de que com a inclusão digital em massa, nossa sociedade evoluiria e seria mais crítica, acordamos na distopia. Com efeito, quanto mais se aumenta a inclusão digital, mais gente sem a menor qualificação entra no debate. Nossa sociedade não evoluiu e está, a cada dia, maior e pior do que antes.
As manifestações no mundo real e digital dos últimos dez anos foram aterrorizantes.
Desde que redes sociais como Facebook, Twitter e outras se expandiram, a vida inteligente está contida em guetos e sofrendo bullying. Qualquer tentativa de se debater é estéril, de pronto, quem tenta explicar alguma coisa ou mostrar fundamento sofre agressões. Desse modo, qualquer um que tente evoluir com o debate aparenta ser pedante, arrogante e outros adjetivos menos louváveis.
E, como se não bastasse, os áulicos das redes sociais ainda formam grupos de ataque (haters). Portanto, qualquer coisa que seja contrária às suas fake news de estimação, merecem ataques virulentos. Talvez seja um tipo de burrice(2) congênita ou por má formação cultural e parental.
Se não é o fim do mundo, é alguma fase de passagem ou transição. Desse modo, as pessoas estão se afastando, como fez Paulo Francis que desligou-se da vida inteligente dos socialistas.
Humanista
Um pouco antes de eu escrever este texto, estive numa conversa em que a pessoa perguntou se eu era de um partido X. Mesmo que eu respondesse que era um humanista, quem estava presente concluiu que eu era de esquerda ou comunista.
Desse modo, creio que os humanistas e os que pensam um pouco além das manchetes panfletárias, são raça em extinção.
Enfim, é quase uma certeza que estamos sobrevivendo a duras penas e a vida inteligente inexiste na sociedade digital. E ainda muitos têm a coragem de falar que geradores de textos com Inteligência Artificial (IA) é algum tipo de evolução. A estupidez e agilidade das ferramentas e tecnologia só vai agilizar o fim de nossa civilização.
(1) “Manipulação de Massas – A Série”
(2) “Entre sem bater – Eliane Brum – Burrice”
Imagem: Entre sem bater – Paulo Francis – Vida Inteligente
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
- Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
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Agradeço a todos e compreendo os que acham que escrevo coisas difíceis de entender, é parte do “jogo”.