Entre sem bater - Ruy Barbosa - As Nulidades

Entre sem bater – Ruy Barbosa – As Nulidades

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Ruy Barbosa, com toda a certeza, faria um manifesto ao ver que tantas “Nulidades” repetem o que ele disse, mas estando no Poder Judiciário.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Ruy Barbosa

Certamente, Ruy Barbosa deve dar voltas e mais voltas no seu túmulo a cada citação feita com seu nome. A princípio, esta seria uma verdade, em função das frases de sua autoria, e outras com atribuição de forma incorreta. Desse modo, é necessário buscar as frases do “A Águia de Haia“, de forma a não cometer injustiças. Seus trabalhos deveriam ter um respeito muito além do que fazem juristas e rábulas teratológicos(1), atualmente. Desde que vi um problema até na grafia no nome daquele que avalio como o mais ilustre soteropolitano, tenho mais apreço pelo baiano. Assim sendo, algumas de suas frases e pensamentos estarão nesta trilha mais como uma “alfinetada” para aos operadores do Direito. Verdadeiras nulidades que se julgam poderosos e desrespeitam um dos maiores polímatas brasileiros.

Ruy Barbosa de Oliveira GCSE ( Salvador, 5 de novembro de 1849 – Petrópolis, 1 de março de 1923) foi um polímata brasileiro. Destacou-se, primordialmente, como jurista, advogado, político, diplomata, escritor, filólogo, jornalista, tradutor e orador. Um dos maiores intelectuais do seu tempo, foi designado por Deodoro da Fonseca o representante do primeiro governo republicano no exterior. Tornou-se um dos principais organizadores da República, além de coautor da constituição da Primeira República. Atuou na defesa do federalismo do abolicionismo e na promoção dos direitos e garantias individuais.

Fonte: Wikipedia (Português)

As Nulidades

Em primeiro lugar, é necessário, ao abordar uma citação ou frase de Ruy Barbosa, reproduzirmos a passagem inteira. Ruy Barbosa referenciou o triunfo das nulidades e outras no trecho a seguir.

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto... 
Essa foi a obra da república nos últimos anos. No outro regime o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para 
sempre. As carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos temiam a que, acesa no 
alto, guardava a redondeza como um farol que não se apaga... 
Em proveito da honra... da justiça... E da moralidade gerais."

in "Requerimento de informações sobre o caso do Satélite". Discurso no Senado (17/12/1914).

O absurdo é que a poucos meses do centenário de seu “requerimento”, onde Ruy Barbosa manifestou desânimo e vergonha, retrocedemos.

Honra, Justiça e Poder

O requerimento de Ruy Barbosa faz uma constatação que poderia, inegavelmente, fazer parte de qualquer discurso atual no Brasil. Triunfam as nulidades nas redes sociais que elevam influencers como se produzissem algum conteúdo de valor. Prospera a desonra dentro e fora do país com a evolução do Complexo de Vira-Latas(2). Cresce, surpreendentemente, a injustiça, quando vilipendiam e banalizam a morte. Os maus, bem como os cruéis e perversos, agigantam-se e toma de assalto o poder.

Desse modo, a honra, a luta pela justiça e a hipótese da democracia plena, dão lugar ao escárnio, a vergonha e o riso fácil.

Certamente, a obra da República, nos últimos 130 anos, se consolidou nos últimos seis anos de destempero e ausência de sentinelas.

Não há quem vigie o vigia e muito menos quem seja guardião da moralidade, tomaram todas as instâncias de assalto.

Retrocesso

Com efeito, os últimos seis ou sete anos foram tempos sombrios e dignos do obscurantismo que o poder dos homens maus impôs.

O retrocesso é tão grande e tão profundo que não conseguiremos, enquanto nação, como definiu Montesquieu(3), nos recuperar.

É provável que a destruição nunca mais tenha recuperação e que nosso trabalho dure décadas. Entretanto, a luta não pode continuar se as pessoas utilizam-se da figura do abandono do campo de batalha. A luta se desenvolve, atualmente, nas redes sociais e estamos perdendo todas as batalhas.

A guerra

O inimigo tem dinheiro e descobriu que seu tempo tem aplicação na divulgação de mentiras. Por outro lado, aqueles que sofrem opressão não possuem tempo e dinheiro para ficar em redes sociais. E, de fato, daqui alguns meses, todos receberão a sua convocação para darem a ideia de que vivemos numa democracia.

Mesmo que milhares de brasileiros entendam a ideia de Ruy Barbosa, e ainda assim lutem nas redes sociais, a guerra será difícil e sangrenta. Estamos numa batalha e já que temos que lutar, devemos aprender as estratégias e conhecer o campo do inimigo.

Embora as nulidades e a desonra prosperem há mais de 200 anos, não é inteligente que um filho teu fuja à luta.

De tanto ver prosperar as nulidades, de tanto ver evoluir as estultices, especialmente nas redes sociais, devemos é promover uma revolução. Enfim, uma revolução que as pessoas parem e pensem, e não somente fiquem compartilhando e reproduzindo apenas opinião de segunda mão(4). Sem dúvida, as armas não estarão mais com munição e nem nas trincheiras reais. Importa mais quem está ao nosso lado da trincheira do que esta guerra sem fim.

As nulidades estão vencendo mais estas batalhas, inclusive no mundo digital, a resistência deve florescer. Parar de alimentar com likes e compartilhamentos estas nulidades, estes rentistas, os parasitas e afins, é mais do que necessário.

 

(1) “O Rábula teratológico

(2) “O complexo de vira-lata em 2018

(3) “Revisitando Montesquieu no Século XXI

(4) “Entre sem bater – Mark Twain – Segunda Mão

 

Imagem: Entre sem bater – Ruy Barbosa – As Nulidades

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

  • Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
  • Sugestões, indicações de erro e outros, uma vez que tenham o propósito de melhorar o conteúdo, são importantes. Basta enviar  comentários via e-mail para pyxis at gmail.com, página do Facebook, associada a este Blog, ou perfil do Twitter.
  • Alguns textos sofreram revisão, outros ainda apresentam erros (inclusive ortográficos) e sofrerão correção à medida que tornam-se erros graves (inclusive históricos).
  • Algumas passagens e citações podem parecer estranhas mas fazem parte ou referem-se a textos ainda inéditos.

Agradeço a todos e compreendo os que acham que escrevo coisas difíceis de entender, é parte do “jogo”.

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